Romeu Queiroz, condenado no mensalão, volta do Caribe
Ex-deputado do PSB
mineiro afirma que viagem foi paga pelos filhos
BELO HORIZONTE - De volta
do Caribe após sete dias na Ilha de Curaçao, o ex-deputado Romeu Queiroz
(PSB-MG), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento com o
mensalão, disse nesta quarta-feira à noite ter ficado surpreso com a
repercussão de sua viagem e negou intenção de fugir. Também se queixou da
perspectiva de prisão. Ele foi condenado por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
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Procurador pede retenção
dos passaportes dos 25 condenados
Condenado pelo STF,
Tolentino se antecipa e entrega passaporte
— Meu passaporte pode ser
bloqueado pelo Supremo a qualquer hora. Se eles quiserem, podem fazer isso.
Fica parecendo que eu quero fugir — afirmou. — Agora, se eu falar que estou
tranquilo, estaria mentindo. Quem tem coração sofre nesse momento.
Queiroz alega ter
recebido dinheiro do PTB e não ter conhecimento da origem ilícita
— Uma parte que foi
declarada eu sei que veio da Usiminas, cerca de R$ 102 mil. O restante eu sei
que chegou, mas não sei de onde saiu.
O ex-deputado retornou da
viagem nesta quarta-feira. Segundo ele, o passeio foi “caro”, mas não pesou no
bolso porque foi custeado pelos três filhos em razão de seus 40 anos de
casamento. Queiroz deu entrevista enquanto jantava em um dos restaurantes mais sofisticados
de Belo Horizonte, na região onde fica sua casa, na Zona Sul.
Ele disse que viajou com
a mulher no dia 23. No dia 24, a Procuradoria Geral da República (PGR)
solicitou a retenção dos passaportes dos 25 condenados. O pedido foi entregue
pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no gabinete do relator do
mensalão, Joaquim Barbosa.
Queiroz afirmou estranhar
a ascensão do publicitário Marcos Valério nos meios político e empresarial de
Minas Gerais. Antes de entrar para a área publicitária, Valério foi bancário
por 20 anos. Trabalhou no extinto Banco de Minas Gerais (Bemge), comprado pelo
Itaú em 1988.
— Conheci o Marcos desde
a época que ele trabalhava no antigo Bemge, na Praça Sete, no Centro de Belo
Horizonte. Estranhei quando ele virou um homem poderoso nos meios político,
empresarial e até na imprensa. Estranhei porque a SMP&B já era uma agência
bastante conhecida em Minas. Tinha contratos com vários órgãos do governo e na
iniciativa privada. Era uma agência tradicional, com sócios conhecidos, e, de
repente, ele aparece movimentando tudo.
O ex-deputado nega ter
recebido dinheiro e até mesmo ter participado de qualquer reunião com Valério.
— Nunca recebi nenhum centavo dele. Nunca participei de qualquer tratativa com
ele. Conheci-o no Bemge na época em que eu era servidor do estado. Recebia por
aquele banco. Depois que ele virou publicitário, encontrei-o algumas vezes no
aeroporto, nada mais — afirmou.
Romeu Queiroz foi
condenado pelo STF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, já que ficou
comprovado que ele recebeu R$ 350 mil pelo valerioduto. A pena ainda não foi
definida.
Fonte: http://oglobo.globo.com