De volta ao apogeu Hotel Fazenda Serra Negra
Antigo hotel localizado em São João da Serra Negra poderá ser revitalizado e retomar o uso das águas medicinais
A foto na parede não deixa dúvidas, o Hotel Estância Serra Negra, fundado em 1943, foi um recanto de descanso e tratamento. Localizado na boca de um vulcão extinto, a edificação tem arquitetura colonial semelhante à do Tauá Grande Hotel de Araxá. Já foi palco de recepção de políticos da época como o ex-ministro da Fazenda José Maria Alkimim e os ex-presidentes Juscelino Kubitscheck e Tancredo Neves, além de governadores, deputados, artistas e personalidades da sociedade de Patos de Minas, Coromandel, Araguari, Patrocínio, Monte Carmelo, Rio de Janeiro e São Paulo.
Quem relembra essa história cheia de pujança e refinamento é Ricardo Nascimento, detentor das ações da empresa Águas Minerais de Patrocínio, que detém a marca Serra Negra.
O hotel foi fundado por um grupo de amigos, entre eles, Gentil Nascimento, pai de Ricardo. “Com a morte do meu pai, meu irmão Fernando assumiu a direção do hotel, e depois da sua morte, eu assumi o controle da empresa. O hotel tinha 23 quartos e seis apartamentos, banheiras com água sulfurosa, de propriedade medicinal comprovada, seis gramas de sais minerais por litro de água. Ele funcionou até 2005, quando foi desativado, lamentavelmente, em condições deploráveis. Precisava de uma grande reforma. Achávamos que em curto prazo isso seria possível, mas não foi o que aconteceu, por falta de recursos da empresa”, relembra Ricardo.
O empresário não desistiu da empreitada. Está elaborando um projeto de reforma que pretende entregar dentro de 60 dias para o Fundo Geral do Turismo (Fungetur), linha de crédito da Caixa Econômica Federal que financia entre 70 e 80% do valor total do investimento e é destinada a empresa de qualquer porte que deseja ampliar, modernizar e reformar empreendimentos turísticos.
Ricardo estima que a reforma vai consumir entre 5 e 6 milhões de reais. A ideia é construir 60 apartamentos, ampliar a capacidade para atender 150 pessoas e dotar o hotel de infraestrutura para se adequar às exigências da moderna hotelaria como novas instalações para a utilização da água sulfurosa, salões de eventos, restaurante e área de lazer e esporte, sendo que esta última não vai consumir mais que 10 a 15% do valor total do investimento. “O grande diferencial da estância é a excelente qualidade das águas, que já foram conhecidas como águas milagrosas de Serra Negra”, ressalta o empresário.
Algo tem que ser feito porque um lugar com águas com propriedades curativas, mata exuberante e sossego não pode sucumbir. Ricardo sabe disso e está se mobilizando para viabilizar o seu desejo. “Tenho perfeita noção do que quero e da responsabilidade de colocar a estância para funcionar. Caso não consiga viabilizar esse projeto junto à Caixa vou buscar parceiros. A grandeza da estância me obriga a tomar uma posição. Temos que correr contra o tempo”, pontua.
Paralelamente à estância, a empresa engarrafa, desde 1971, a água mineral magnesiana que leva o nome Serra Negra. “A região é rica em minério e a Vale vai começar a explorá-lo brevemente. Posso afiançar que a cada dia, as águas são mais valorizadas”, infere Ricardo.
A produção diária de 2 mil garrafões de água e 8 mil fardos de 12 unidades por mês entre copinhos e garrafas de 500 ml descartáveis abastece o mercado no entorno de 300 km. A fábrica é autossuficiente em energia gerada por uma central hidráulica.
fonte: Revista viver brasil